segunda-feira, 22 de setembro de 2008

O pardal e o mar

Sento-me na esplanada com o mar no horizonte...

Curiosa esta vontade de me encontrar com o mar. Fico à espera de um segredo...

A vida reflecte-se ali naquelas ondas num vai vem constante e, em cada uma delas, descubro um ano, um minuto, às vezes um momento.

Um pardal vem em busca duma migalha esquecida na mesa. A minha praia é assim, tem pardais. Contempla-me antes de se aventurar a tirar aquela migalha ao alcance da minha mão, parece que diz “posso-me servir?” Bichinho atrevido aventura-se para mim, ele sabe que pode confiar. Assim tivesse eu tantas certezas na vida!

Tambem não haveria mar nem praia para poder ver a vida, e a contemplação num instante por breve que fosse. Chego à conclusão, que Deus fez o mar para estarmos mais perto da meditação com Ele. Ninguém fica indiferente à grandiosidade daquela massa de água ali ao nosso alcance:

Que não bebemos, mas somos por ela abençoados!

Cada onda é uma mão que nos toca e afasta num aviso...

A água benta não sabe a sal?

As lágrimas são o mar que trazemos na alma.

Acho que Deus vive no mar!

Aquele bichinho tão frágil mas tão seguro, quando o seu bico leva mais uma migalha. Já nós, neste vai vem das ondas da vida e em que nos sentimos fortes e poderosos não temos a capacidade de separar o bem do mal, o forte do fraco.
O empregado chega e peço um café. Por um instante perco o pensamento e a presença da minha companhia. O café está na mesa e tudo retoma ao normal. A vida está aqui à minha frente num pardal destemido que teima em ficar e no mar que contemplo.
Olho melhor e vejo naquele bichito o meu ser. Sim sou eu um pardal que mendiga uma pitada de mel num abraço, que me arrebato num beijo e fujo num pulo se sinto a ameaça.
Vejo no mar o palco da vida.

Após algumas migalhas o pardal parte não sem antes me olhar e num pio disse adeus!

Ganhei um amigo!

3 comentários:

Anónimo disse...

Os meus parabéns. Adorei eu especial o último parágrafo. Mas ninguém foge eternamente da vida! Assim como o pardal! Quando chegar o momento do reencontro "vida, morte" não há fuga possível!

Anónimo disse...

Parabéns amigo.adorei...aqui fica a minha marquinha...beijinho celisia

Anónimo disse...

Pardalinho

Pardalinho do telhado, pela a vida a vadiar
Invejam a tua vida! Não olham o teu penar!

Nasceste para ser livre, pelo campo a voar
Nem gaiolas douradas, te conseguem aprisionar!

Pulas de galho em galho, para o ninho construir
Mas o vendaval da vida! Logo volta a destruir!

Sempre sozinho, a pular, levas a vida inteira
Será que encontrarás a perfeita parceira?

Realiza os teus sonhos, Voa! Voa! Sem parar!
Para que no fim da luta felicidade encontrar!
“Escrito com o coração”